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Carta aberta ao povo itaporanguense

  • Foto do escritor: Academia Itaporanguense de Letras
    Academia Itaporanguense de Letras
  • 3 de mai.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de mai.

Talvez, ao saber da notícia sobre a instalação da Academia Itaporanguense de Letras (AIL), você tenha se perguntado: O que é uma academia de letras? Quem inventou? Como surgiu? Qual a sua utilidade? A fim de esclarecer, uma academia de letras é uma instituição sem fins lucrativos, mantida por donativos voluntários e formada por escritores, educadores, artistas, pesquisadores e intelectuais, provenientes das mais variadas formações, tendo um objetivo em comum: promover, preservar e valorizar a literatura, a cultura e a arte. Esse modelo de academia de letras tem origem na França, com a fundação da Académie Française em 1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu. Por sua vez, no Brasil, a principal referência é a Academia Brasileira de Letras (ABL), inspirada nos moldes francófonos, foi fundada em 1897, no Rio de Janeiro, por um grupo de literatos liderado por Machado de Assis, que é considerado o maior escritor brasileiro. A partir de seu surgimento, as academias de letras desempenham diversas funções, sobretudo: a preservação da cultura e da língua; o incentivo à produção literária; a organização de eventos culturais; o arquivo e a memória literária; e o fomento à educação e leitura.

Em primeiro plano, é intrínseco a toda sociedade possuir uma maneira de expressar seus hábitos diários, demonstrar sua conexão espiritual, manifestar suas tradições memorialísticas e defender seus valores éticos e morais. Esse modo de viver configura sua cultura, que se assemelha a uma impressão digital, com detalhes e traços ímpares. Além disso, toda nação tem uma língua, que carrega em sua estrutura sílabas e palavras oriundas dos idiomas das gerações pregressas. Com isso, talvez a língua seja o elemento que mais une e, ao mesmo tempo, universaliza os seres humanos. Algo que completa essa tríade é a literatura, sendo um elo entre a cultura e a língua, visto que fornece uma imagem de nação onde todos se veem representados culturalmente, cuja representação só é possível graças a uma língua idêntica. Em virtude disso, a AIL firma um contrato irrompível com o povo itaporanguense no que tange à defesa desses aspectos definidores do nosso cerne formativo – a cultura – língua – literatura – a fim de mediar uma parceria entre os movimentos culturais, linguísticos e literários com os órgãos públicos, com o anseio de que haja investimentos eficientes para que recordemos e apreciemos tanto a contribuição artística das povos originários quanto a produção intelectual dos maiores difusores do agir e do falar itaporanguenses.


Além do mais, tornar o povo de Itaporanga d'Ajuda mais próximo de sua história e de sua cultura é também nosso papel e, nesse sentido, organizar eventos culturais que promovam essa aproximação está no curso de nosso itinerário, que começa efetivamente a partir de agora. Ora, nutrir e celebrar a identidade cultural de nossa gente e promover o sentimento de pertencimento em relação ao que nos faz verdadeiramente itaporanguenses torna-se, cada vez mais, uma necessidade. Com efeito, somos itaporanguenses, e o que isso deve significar? O que deve pairar em nosso imaginário quando recordamos nossa história, nossa cultura, nossa literatura e nossa gente? Num tempo fortemente marcado por padrões globalizados e arquétipos de comportamento, orquestrados por uma violenta cultura de massa que ofusca e apaga as expressões originais de cada povo e que nos torna avessos e até inimigos de nossa própria cultura, a Academia se levanta com essa árdua missão de apresentar a genuína face de Itaporanga – a face formada pelo sotaque, pelas representações culturais, pelas personagens históricas, pelas devoções e movimentos de fé, pela vida de sua gente. De fato, a Academia vive e respira essa meta: é seu grande dever, sua razão de existir.


Enfim, a Academia quer desempenhar um papel fundamental na preservação da memória literária de nossos antepassados, sendo um verdadeiro guardião da rica herança cultural da nossa cidade. Assim, ao promover e valorizar a obra de escritores locais (Felisbelo Freire, Balthazar Góis, José Augusto Garcez, Genolino Amado, entre outros), a arcádia não apenas resgata a história literária de Itaporanga, mas também assegura que as vozes do passado continuem a ecoar para as gerações futuras. Na mesma perspectiva, ao fomentar a produção literária contemporânea, a AIL vai contribuir para a construção de uma memória dinâmica e inclusiva, que reflete tanto a tradição quanto as novas expressões artísticas, fortalecendo, então, a identidade cultural da cidade e estimulando o amor pela literatura entre os cidadãos. Com esse resgate e essa disseminação, a AIL objetiva instigar a leitura, posto que ela é indubitavelmente um dos melhores meios de educar um povo e direcioná-lo à ordem e ao progresso, lemas de nossa bandeira nacional, bem como à igualdade, à fraternidade e à liberdade, ideais basilares dos Direitos Humanos. Dessa forma, a AIL se tornou um eixo central no reconhecimento da literatura local, incentivando o diálogo entre escritores de diferentes épocas e promovendo um ambiente criativo que enriquece a cena cultural atual. Nossa esperança é que, com a nossa presença, a maior riqueza deste povo tão nobre e pujante - isto é, a sua cultura - continue a brilhar e iluminar o caminho de todos quantos a conhecerem por força de nosso empenho. Avante!


A Academia

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